A final da 17ª Olimpíada Nacional em História do Brasil (ONHB) contará com a participação de oito equipes paraibanas, formadas por estudantes de escolas públicas e privadas. Cada equipe é composta por três alunos.
O destaque, até o momento, foi a Escola Municipal Júlia Figueiredo, localizada em Sapé, que classificou dois grupos para a fase final da competição. Uma delas foi considerada a melhor da Paraíba nesta edição, sendo a primeira vez que uma instituição pública de ensino paraibana conquista esse reconhecimento na ONHB.
Além da escola de Sapé, o estado será representado por estudantes da Escola Cidadã Integral Técnica (Ecit) Professor Raul Córdula, em João Pessoa, e do Instituto Federal da Paraíba (IFPB) – Campus Campina Grande. Três escolas privadas completam a delegação paraibana na competição nacional.
Para chegar à final, os alunos paraibanos participaram de seis eliminatórias, concorrendo com mais de 57 mil equipes de todo país. Ao todo, 351 trios foram classificados para a última etapa (aproximadamente 0,6% do total), dos quais, 75 serão premiadas com medalhas de ouro, prata ou bronze.
O professor de História Bruno Chaves, responsável por orientar as duas equipes da Escola Municipal Júlia Figueiredo que representam a Paraíba na final da ONHB, relatou que sua escolha profissional foi influenciada pela própria experiência como participante da competição durante o Ensino Médio. Ele destacou que, ao chegar à fase final da olimpíada, teve, pela primeira vez, a oportunidade de viajar de avião e de sair do estado. Nesse momento, conheceu a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), uma instituição de grande prestígio, onde encantou-se pela área de História. Essa vivência, segundo ele, foi determinante para a decisão de cursar a universidade e, posteriormente, retornar à escola pública como docente.
Bruno também chama atenção para o fato de que a participação na olimpíada desperta, nos discentes, o desejo de se dedicar mais aos estudos e enxergar a educação como uma ferramenta de transformação social. “É uma alegria e um orgulho imenso ver esses resultados acontecendo, os alunos passando, sonhando. Isso representa o fruto de um trabalho cotidiano, e eles estão percebendo a educação como uma possibilidade real de mudança em suas vidas”, ressalta.
O docente complementa ainda que nove alunos da instituição, em Sapé, conquistaram bolsa de Iniciação Científica Júnior pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), devido a sua participação em edições anteriores da ONHB.
Para incentivar o interesse dos estudantes pela competição, Bruno organiza, em sala de aula, uma mini-olimpíada. A partir da iniciativa, quando os discentes demonstram interesse, formam suas equipes e o procuram para efetuar a inscrição na ONHB. “Depois disso, crio um grupo no WhatsApp com os alunos, envio questões diariamente e, ao final do dia, divulgo o gabarito. Vamos debatendo por lá. Quando a olimpíada começa oficialmente, com duração de cerca de seis semanas, realizamos reuniões presenciais no contraturno deles”, explica.
As duas equipes da Escola Municipal Júlia Figueiredo, de Sapé, que representarão a Paraíba na fim da ONHB são: “Regentes do Império”, considerada a melhor equipe do estado — e que terá as passagens aéreas custeadas pela Unicamp — formada por Giovana Pereira de Melo (14 anos), Maria Vitória da Silva (16 anos) e Victor Emanuel Silva do Nascimento (16 anos); e “Amarelo Cor de Rosa”, composta por Hellen Simara de Araújo Silva (14 anos), Rayssa da Silva André (14 anos) e Lorrany Ketyllin Freitas Coutinho (15 anos), todas bolsistas de Iniciação Científica Júnior pelo CNPq.
Para Victor Emanuel, esta é a sua primeira participação na ONHB. Ele relata que a experiência tem sido desafiadora, mas recompensadora. “Valeu a pena. Dá orgulho de participar e ver os resultados. Mesmo que eu não tivesse passado para a final, já estaria feliz só por ter participado, porque aprendi muito mais sobre história e cultura”, afirma. O estudante conta ainda que, até então, História era uma das disciplinas em que tinha o pior desempenho. Neste ano, decidiu dedicar-se mais para melhorar suas notas — e acabou descobrindo um maior interesse pela área.
A aluna Rayssa da Silva André participa da ONHB pela terceira vez e conta que sempre teve interesse por História e por projetos como esse. “No ano passado cheguei até a semifinal, mas não fui classificada. Fiquei frustrada, mas depois entendi que foi uma experiência de aprendizado que me trouxe muito conhecimento. Agora, na final, estou com muitas expectativas”, afirma. A estudante destaca, ainda, que a preparação para a etapa nacional já começou. “Estamos lendo sites, acompanhando notícias e respondendo questões para acumular conhecimento e melhorar cada vez mais. Queremos fazer uma boa prova e trazer uma medalha para Sapé”, conclui.
Na capital também tem trio classificado
Na final da ONHB, a Paraíba também será representada pela equipe Lapada Seca, formada pelos estudantes do Ensino Médio Maria Luísa Melo de Brito e Antônio Carlos Rocha Neto (ambos do 3º ano), e Raphaela Beatriz Cunha de Brito (2º ano), da Escola Cidadã Integral Técnica (Ecit) Professor Raul Córdula, em João Pessoa.
O grupo é orientado pelo professor de História Reginaldo Carlos de Melo Souza. O docente explica que a preparação está sendo baseada em edições anteriores da olimpíada. “Estamos aplicando provas passadas para que os alunos se familiarizem com o estilo da competição, que exige análise de documentos. De forma semelhante ao Enem, eles recebem textos e, em equipe, precisam produzir uma redação com uma análise histórica sobre o material apresentado”, detalha.
- O professor Reginaldo com os alunos da equipe Lapada Seca, da Ecit Professor Raul Córdula | Foto: Reginaldo de Melo/Arquivo pessoal
Sobre a conquista de chegar à final, o professor destaca que se trata de um resultado coletivo, que envolve toda a equipe da ECIT Professor Raul Córdula. “O trabalho vem sendo muito bem feito, não apenas por mim, mas por toda a equipe. Temos muitos professores qualificados em diversas áreas, e os frutos disso começam a aparecer. Os alunos, por sua vez, também se dedicaram bastante, estudaram muito e até abriram mão de parte do recesso para concluir a última tarefa e garantir a vaga na final. Então, é um feito da escola — e, principalmente, deles”, afirma Reginaldo, ressaltando ainda que o espírito de colaboração entre as equipes tem sido um diferencial: “Eles se ajudam, trocam ideias, debatem, aprendem e crescem juntos ao longo do processo”.
Sobre a ONHB
Com o tema “Informação: produção, circulação, limites e possibilidades”, a 17ª ONHB tem o intuito de fomentar a reflexão crítica acerca do papel social da mídia, trazendo questões sobre desinformação e inteligência artificial (IA), por exemplo. A ONHB é constituída por seis fases on-line e uma fase final presencial, em Campinas (SP).
As fases são compostas por questões de múltipla escolha e/ou por tarefas. A última etapa acontecerá nos dias 30 e 31 de agosto deste ano, na Unicamp, em São Paulo.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 15 de julho de 2025.