A falta de conscientização da população sobre a importância de utilizar passarelas é um fator que contribui significativamente para o risco de acidentes nos trechos urbanos às margens de rodovias. Mesmo quando elas estão disponíveis, muitas pessoas optam por atravessar diretamente a pista, colocando a própria vida em perigo. Outros fatores que desestimulam o uso do equipamento são os problemas na manutenção, segurança e iluminação.
Na Paraíba, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF-PB), existem 22 passarelas, sendo 13 na BR-101 e nove na BR-230. De janeiro de 2024 a junho de 2025, nessas regiões, foram registrados 32 atropelamentos de pedestres.
No Jardim Veneza, próximo à Churrascaria Novo Horizonte, em João Pessoa, há uma passarela sobre a rodovia que liga o local ao bairro de Oitizeiro. Apesar disso, muitas pessoas preferem atravessar a pista sem utilizá-la. Segundo a comerciante Ismênia Gomes da Silva, proprietária de um estabelecimento na região, já aconteceram alguns acidentes no local.
Ela destaca que a situação é ainda mais grave em um trecho, cerca de 400 m à frente do estabelecimento onde trabalha. Nessa área, próxima a uma escola, residências e outros comércios, pedestres costumam arriscar suas vidas ao atravessar, saltando, inclusive, as barreiras que separam as pistas.
Ismênia reclama que o espaço atrás da passarela está sendo usado para o descarte irregular de lixo, prejudicando a população do entorno e afastando muitos pedestres. “O acúmulo de resíduos nessa localidade atrai baratas, ratos e outros animais transmissores de doenças”, diz ela, mencionando ainda que empresas descartam lixo no local, incluindo restos de sofás e móveis, o que faz com que algumas pessoas evitem passar por ali, devido aos objetos e ao mau cheiro. Além disso, observa-se um excesso de mato ao redor da estrutura, que precisa de serviços de capinagem.
Outra trabalhadora da região, Risoneide Ramos da Silva, relata que alguns motociclistas utilizam a passarela destinada aos pedestres. “Eles sobem com as motos e atravessam a passarela sempre, principalmente nos horários de pico”, conta.
Ela relata um problema relacionado à localização do ponto de ônibus: de um lado da rodovia, a parada fica próxima à passarela; do outro lado, no entanto, para quem vem do Centro, a estrutura localiza-se distante. Para Risoneide, seria necessário avaliar a mudança da parada de transporte coletivo ou avaliar sobre a instalação de passarelas em outros trechos. A trabalhadora acrescenta que a iluminação no local é insuficiente à noite, o que faz com que muitas pessoas evitem a passarela por insegurança.
Rosineide, no entanto, também identifica a falta de consciência da população quando, mesmo durante o dia, moradores e passageiros descem dos ônibus, ao lado da passarela, e preferem atravessar a rodovia de forma arriscada. Segundo ela, muitas pessoas colocam a própria vida em risco ao ignorar o uso da estrutura, demonstrando essa carência de responsabilidade.
Camilly da Silva, que também trabalha na região, concorda com esse ponto de vista, ressaltando que, em muitos casos, falta educação à população. Por outro lado, ela entende que alguns problemas ocorrem devido à omissão do Poder Público.
Órgãos responsáveis
Segundo a PRF-PB, o seu Núcleo de Segurança Viária realiza, constantemente, análises de infraestrutura viária, em parceria com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit-PB) e as prefeituras, verificando a necessidade de implantação de novas passarelas.
De acordo com o Dnit-PB, a definição dos locais para colocação de passarelas é feita considerando as necessidades da população daquela região e a presença de pontos de demanda de travessia, como escolas, paradas de ônibus, supermercados, empresas e outros. Outro ponto que é levado em consideração é a viabilidade técnica do local, em função da geometria da passarela e sua fundação, bem como a disponibilidade orçamentária para construção desses equipamentos.
O órgão informa ainda que existem 21 pontos cadastrados para construção de novas passarelas, com projeto em desenvolvimento, e que a construção deve acontecer nos próximos anos, mediante a disponibilidade orçamentária.
O Dnit-PB informa, ainda, que há previsão de construção de sete passarelas na obra de adequação de capacidade da rodovia BR-230, no trecho que liga João Pessoa e Cabedelo, do km 2 ao 13,4, com obras em andamento.
O Departamento de Estradas de Rodagem da Paraíba (DER-PB) comunica que ainda não há nenhuma passarela nas rodovias estaduais. A primeira será construída no Arco Metropolitano, no distrito de Cicerolândia, em Santa Rita. O órgão esclarece também que, no momento, não há planejamento para a construção de equipamento do gênero.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 13 de agosto de 2025.