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Inova Centro

Pavilhão do Chá deve ganhar revitalização, informa secretário

publicado: 26/08/2025 09h32, última modificação: 26/08/2025 09h32
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São evidentes as más condições do patrimônio da cidade | Foto: Evandro Pereira

por Lílian Viana*

O Pavilhão do Chá, cartão-postal do Centro Histórico de João Pessoa, que hoje convive com abandono, insegurança e uso indevido, deve, em breve, ganhar um novo destino. A promessa foi feita pelo secretário municipal de Preservação, Revitalização e Inovação do Centro Histórico (Inova Centro), Thiago Lucena, durante a abertura do Encontro Paraibano de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural, realizada no auditório do Sesc e no Senac, ambos no Centro da capital.

A situação do Pavilhão do Chá foi detalhada na edição do último sábado (23) do jornal A União que, na ocasião, não conseguiu contato com o secretário. Ontem, embora não tenha detalhado sobre o projeto, Lucena afirmou: “Logo, logo vocês vão ver uma novidade muito interessante para lá [no Pavilhão do Chá]. O Centro está ativo, é um canteiro de obras. Quando você sai do Hotel Globo e percorre a Cardoso Vieira, a Praça do Federal Médico, chega ao Pavilhão, vê que há movimento. O Centro está vivo”, garantiu.

A jornalista Afra Soares, presidente do Comitê de Fomento ao Centro Histórico, reforçou a importância do equipamento e confirmou que o projeto de requalificação já foi aprovado pelo Iphaep. “O Pavilhão do Chá ainda está bem complicado, mas tem um projeto aprovado para transformá-lo. Ele será fechado com vidro, com ar-condicionado e deve abrigar um café. Isso foi proposto no passado, mas barrado, agora os estudos técnicos permitiram. É uma forma de devolver dignidade e uso a um espaço que, como o jornal A União mostrou, hoje sofre com abandono e insegurança”, afirmou.

Ao longo de seu discurso, Thiago Lucena destacou que a revitalização do Centro Histórico só é possível a partir de parcerias entre Prefeitura, Governo do Estado e instituições como o Iphan e o Iphaep. “Não conseguimos fazer nada sozinhos. A equipe da Inova Centro, junto à Secretaria de Planejamento, tem buscado soluções. Já avançamos em incentivos fiscais, mas isso não resolve tudo. O que precisamos é criar um ambiente propício para que a iniciativa privada também se interesse pelo Centro”, explicou.

A meta, segundo Lucena, não é simplesmente resgatar um passado, mas redesenhar novas vocações para a região. Ele destacou que o Centro não deve ser visto como um retrato antigo, mas, sim, como um espaço vivo, com potencial para abrigar novas vocações econômicas e urbanísticas. Embora muitos defendam a habitação no local — pauta em que a gestão já vem trabalhando — é igualmente fundamental ouvir quem já reside na área. O ambiente precisa de mais equipamentos de lazer, academias e praças revitalizadas, para que o Centro volte a ser atrativo para viver, comprar e conviver.

Segundo o secretário, a fuga do comércio e de serviços para outros bairros, e até para a BR, deixou marcas profundas. “Nos últimos anos, o Centro viveu uma evasão, não só aqui, mas em várias cidades do mundo. Em João Pessoa, perdemos dinamismo para shoppings, para Mangabeira, para a internet. Mas não podemos obrigar ninguém a voltar. Nosso papel é transformar o Centro em um ambiente viável financeiramente, seguro e agradável. Só assim a iniciativa privada terá interesse em investir novamente”, declarou.

Lucena também fez questão de rebater a ideia de que a região é sinônimo de insegurança. “Às vezes dizem que o Centro é perigoso. Eu digo: sente em uma mesinha da General Osório, deixe o celular na mesa e aproveite com os amigos. O Centro não é, de longe, mais perigoso do que outros bairros. O que precisamos é povoar, porque, quanto mais se frequenta, mais seguro ele se torna”, afirmou.

Da UTI para a enfermaria

Para Afra Soares, o esforço recente de Governo e Prefeitura, somado à mobilização do Comitê de Fomento, já começa a surtir efeito. “Antes do comitê, do governador e do prefeito despertarem para o Centro Histórico, ele estava na UTI. Hoje, ele está na enfermaria verde, prestes a ir para o apartamento. Claro que falta muito, mas é possível perceber avanços. O governador tem sido um parceiro incansável, a Prefeitura também, e a criação da Inova Centro é um marco. Há três anos, não se falava do Centro Histórico; hoje, ele voltou a ser pauta permanente”, disse.

Além do Pavilhão do Chá, Afra citou outros espaços em processo de recuperação. “O prédio da antiga Escola de Comércio, que pertence à UFPB e está em ruínas, já está com convênio firmado pelo Governo do Estado para restauração. São passos importantes para devolver autoestima à cidade e abrir novas possibilidades de uso cultural e turístico”, avaliou.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 26 de agosto de 2025.